terça-feira, 27 de maio de 2008

O açougue


Segunda feira, abro meus olhos e de imediato sinto dores. Meus pulmões mal se enchem de ar pois seria pior. Saio de casa as nove da manhã me dirijo a um hospital das proximidades o que será que esta havendo comigo? Minha garganta esta dolorida chego ao hospital, na recepção pego senha e aguardo minha vez de me encaminhar a sala de espera. Da qual já havia percebido estar atulhado de pessoas a esperar a exaustão sua vez no atendimento.

Indignado meus olhos não se aquietavam. Em meus pensamentos minha revolta reinava, este lugar, é um pronto socorro? Sendo assim, por que se permite que as pessoas se amontoem como gado! Senhoras que mal andam e ouvem passam horas gemendo de dores e ninguém fala nada ou faz nada. Este lugar deveria mudar de nome.

Eu já estava lá a pelo menos umas duas horas como sou jovem não é problema para mim ficar algum tempo em pé, mas e aos idosos?

Quando já estava chegando a segunda hora ali de pé um senhor que estava ao meu lado se aproxima sem soltar nenhuma palavra me olhando nos olhos. Então estica os braços em minha direção, em seu rosto estava estampado um misto de horror e dor.

Eu olhei, mas a principio pensei qual o problema com ele? Então ele começou a despencar para traz e desesperadamente tentava agarrar em minhas mãos, segurei uma de suas mãos passei meu braço em seu pescoço e o deitei ao chão, o que o senhor tem? Eu perguntava e ele só me olhava sem desferir uma só palavra. Olhei para as pessoas em volta e pedi que chamassem alguém, um médico com certeza estagiário olhou para aquele senhor e de sua boca saíram as seguintes palavras, ta bem campeão?

Aquilo me ferveu o sangue. Não só o meu mas de outros ali presentes que o xingavam, também pudera aquilo era jeito de se falar com um homem de idade tendo um ataque ao chão? Sera que ele trataria assim um parente?

Então chegam dois enfermeiros com uma maca, o médico aprendiz nem toca no homem e volta a sua sala, quando o senhor é repousado sobre a maca um dos enfermeiros olha ao redor e profere as seguintes palavras: -ele morreu.

Fiquei ali olhando, não sei quem era, nem de onde veio, mas o que foi aquilo? Que tipo de lugar era aquele? Onde vão para se curar e morrem numa fila, pronto socorro! Por que não mudam o nome já que este é uma mentira? Ainda horas depois disso passei pelo médico este muito competente, me fez algumas perguntas me examinou então me pediu um raio x, e lá vou eu a encarar outra fila, a todo momento macas que chegavam tinham preferencia, e eram passadas a frente, o que deixava a fila ainda mais lenta, quando cheguei a fila, haviam acabado de trocar de turno os técnicos de raio x, e pra melhorar a situação o idiota que acabara de assumir o turno ficou ao celular por quinze minutos, sim quinze minutos e nem fez questão de esconder ou falar baixo sobre coisas fúteis ao telefone, durante o período que estive na fila se ele atendeu mais de 6 pessoas foi muito, a finalmente tirei o raio x de meu tórax passei por uma sala, para tomar soro e os medicamentos necessários, para retornar ao mesmo médico enquanto aguardo em uma pequena fila ao fundo do corredor um homem grita com as pernas estraçalhadas por um acidente de outo móvel, é triste mas já não me impressiono com tal visão, já vi coisa muito pior. Finalmente chega minha vez de ser atendido entro ao consultório e quando fecho a porta os gritos de agonia do homem na maca desaparecem.

O médico me cumprimenta mais uma vez e pede para me sentar, ao abrir o envelope com meu raio x ele olha franzindo as sobrancelhas. É você esta com pneumonia e esta bem avançada! Então ele me pergunta se tomei os medicamentos no hospital, e me passa instruções e o receituário, se em cinco dias eu não estiver melhor pede para que eu retorne.

Fui para casa, mas aquele lugar esta longe de ser o que deveria, esta longe de atingir o seu proposito mas ainda assim reparei que o simples fato de estar melhor vestido lá dentro muda a forma que você é atendido, quantos órgãos públicos repletos de maus atendentes e de precária organização existem por este pais, nem quero pensar... é revoltante.

Nenhum comentário: